Estive pensando sobre a arte de pintar em telas e o que essa atividade em sua maior e mais complexa necessidade e existência abarca.
A pintura pode ser um hobby, um prazer, uma terapia, uma virtude, uma vocação, um dom, todas essas sensações manifestam-se no momento em que se está de frente a uma tela em branco, pincéis e tinta. Contudo, existe mais saberes e sentimentos entre um pintor e suas telas, que talvez ninguém compreenda não por falta de sensibilidade, mas por realmente atingir um nível de entrega e exílio, para dentro do universo da pintura, que fuja a compreensão humana.
Historicamente a pintura teve várias importâncias e necessidades para cada povo, desde entender as nuances de um combate de um grupo com um animal selvagem, com bem detalhado em pinturas rupestres. A pintura expressa épocas, culturas, religiões, hábitos, além de ser instrumento de protesto, e ainda de incentivo no avanço da sociedade, com pintores se colocando na maioria das vezes à frente de suas épocas na forma de expressão de seus pensamentos e sentimentos.
Acredito que nessas várias manifestações, o pintor guarda ainda consigo um sentimento divino, ele “guarda” em uma tela tudo que deseja, uma bela forma de contemplar a interação do divino com o humano. Além disso o sentimento de criação se apodera do pintor de tal maneira que, proporciona a ele o poder de criar seu mundo, sua visão. Cada tela é acompanhada por notas invisíveis, “se eu fosse Deus estaria orgulhoso em ter criado tal paisagem”, “gostaria que o sorriso que pintei naquela criança de rua estivesse realmente com ela”, “vou capturar a cena da desigualdade na sociedade afim de extingui-la”.
Esses pensamentos mostram a relação viva entre o pintor e sua arte, o pintor forma a arte e a arte forma o pintor.
Por fim, olhos leigos nunca entenderão como pinturas magníficas foram criadas por pessoas, e para seus criadores a obra outrora magnífica poderia ser melhorada e plena.
J. Lima Neto
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